Vantagens do uso de herbicidas pré-emergentes
Por Fellipe Goulart Machado, Lucas Matheus Padovese e outros
A beterraba se destaca por ser uma hortaliça de grande importância econômica e agrícola para o Brasil. O Brasil está próximo de plantar 20 mil hectares (ha) desta hortaliça, produzidos em mais de 100 mil propriedades.
A beterraba (Beta vulgaris L.) é uma raiz tuberosa, originária da Europa, pertencente à família Chenopodiaceae. Assim como a acelga e o espinafre, possui uma coloração vermelho-escuro, devido à betalaína, um pigmento natural que pode ser usado como corante, que também ocorre nas nervuras e no pecíolo das folhas, é de formato globular-achatado e tem sabor acentuadamente doce.
A beterraba possui características especificas dentro das hortaliças que a coloca entre os principais alimentos, por possuir uma composição nutricional acima de outras plantas, sobretudo em vitaminas do complexo B. Seu consumo se dá tanto das folhas quanto da raiz, sendo esta consumida crua ou cozida. Sua raiz é considerada tuberosa e consiste do entumescimento do eixo hipocótilo-raiz e de porção superior limitada da raiz pivotante, sendo seu principal órgão armazenador de reservas e tem seu crescimento.
No Brasil, seu cultivo é predominante na Região Sudeste, que representa cerca de 250 mil toneladas por ano, gerando renda para mais de 500 mil pessoas por ano, com uma movimentação de aproximadamente R$ 256,5 milhões por ano no varejo. O valor da cadeia produtiva dessa hortaliça atingiu cerca de R$ 841,2 milhões nos últimos 10 anos. No país, o seu cultivo é designado exclusivamente para a mesa diferente dos países europeus, que utilizam a cultura como fonte de açúcar.
Entretanto a beterraba é uma cultura bastante exigente em termos nutricionais, requerendo um programa de adubação equilibrado capaz de repor os nutrientes extraídos pela cultura, evitando assim o esgotamento do solo.
Com isso, o manejo do solo quanto a sua estrutura e sua fertilidade devem ser criteriosos no âmbito da adubação, levando a altas produtividades. Mas, para isso, os produtores devem satisfazer as necessidades nutricionais da cultura pela adoção de técnicas que propiciam maior eficiência no uso dos adubos, com a aplicação racional de fertilizantes minerais e orgânicos.
A agricultura, em geral, tem buscado formas de cultivo que apresentem menores custos de implantação, que causem menores danos possíveis ao meio ambiente, principalmente ao solo, objetivando um manejo conservacionista e que o uso de insumos, como fertilizantes e agrotóxicos, seja o menor possível.
Dois modelos de fertilizantes se destacam. Os minerais, que possuem altas concentrações de nitrogênio, fosforo e potássio, além de outros macros e micronutrientes. E os fertilizantes orgânicos, que são adubos que contêm altas cargas de matéria orgânica em sua estrutura.
O cultivo de hortaliças com fertilizantes orgânicos aumentou nos últimos anos, devido aos altos custos dos fertilizantes minerais e ao efeito benéfico da matéria orgânica em solos plantados intensivamente. Estrepitante produtividade obtida pelo uso intensivo de fertilizantes inorgânicos e defensivos. Além do alto custo, questões também foram levantadas não apenas para conflitos econômicos e ambientais. Mas também a negligência de importantes aspectos de qualidade da produção agrícola. Vários estudos têm mostrado os efeitos benéficos do uso de fertilizantes orgânicos na agricultura especialmente em combinação com fertilizantes minerais e quando usado no sistema pode reduzir ou mesmo eliminar a necessidade de fertilizantes minerais.
Entretanto, em algumas determinadas regiões do Brasil, o uso de fertilizante orgânico pode ser inviável ou até carente pela falta de nutrientes que aquele solo possui. A grande maioria dos solos brasileiros possui reações ácidas e de baixa fertilidade e com elevada capacidade de retenção de fósforo o que leva à necessidade de aplicação de elevadas doses deste nutriente e redução nos recursos naturais não renováveis que originam esses insumos.
O fosforo possui uma importância significativa para o crescimento das plantas e está relacionado à síntese de proteínas, por constituir nucleoproteínas necessárias à divisão celular, atuar no processo de absorção iônica, favorecendo o desenvolvimento do sistema radicular de hortaliças aumentando a absorção de água, nutrientes, qualidade e o rendimento dos produtos colhidos.
Além do fosforo, o nitrogênio (N) é um macronutriente importante, pois suas reações químicas internas podem ser determinantes para alcançar altas produtividades da beterraba. O manejo adequado da adubação, tende a enfatizar e potencializar os métodos de utilização da adubação orgânica e adubação mineral. Porém, adubações excessivas contendo N podem afetar na qualidade da raiz, provocando o acúmulo de glutamina, além de as plantas ficarem com visual sem muita atratividade comercial.
Em doses especificas de correção no solo e para a planta, o nitrogênio contribui para o aumento da produtividade das culturas por promover a expansão foliar e o acúmulo de massa verde. Além de constituinte de várias moléculas orgânicas, tais como proteínas, ácidos nucleicos e clorofilas, além de exercer grande efeito no crescimento das plantas e na qualidade dos produtos vegetais.
É importante o leitor e o produtor acompanharem sempre as pesquisas que estão envolvidas nas suas culturas de exploração comercial, pois muitos pesquisadores do Norte ao Sul do Brasil estão estudando vários e vários fatores, métodos e metodologias que vêm ao encontro do manejo na questão de fertilidade.
Em um estudo realizado por Damasceno e outros pesquisadores no ano de 2011, em Minas Gerais, foram testadas doses de 0, 100, 200 e 300 quilos por hectare (kg/ha) de nitrogênio na beterraba. Verificou-se aumento linear conforme aumentavam as doses, e a produtividade máxima de matéria fresca da parte aérea e raiz, e diâmetro de raiz, foi obtida com a dose de 300 kg/ha de N. Resultados parecidos foram obtidos por Oliveira de demais pesquisadores no ano de 2003 na cultura do coentro, em que foram analisadas as doses de 0, 20, 40, 60, e 80 kg/ha de N, significando que é de suma importância o uso de nitrogênio na cultura da beterraba, mas em doses especificas observando sempre a analise de solo e folhas.
Aplicando fósforo (P) na beterraba, alguns pesquisadores observaram que foi promovido um incremento no crescimento, no teor foliar de fosforo P e na massa fresca da raiz tuberosa.
Observando o acúmulo de nutrientes em beterraba, Grangeiro e demais pesquisadores no ano de 2007 determinaram que essa hortaliça possui maior demanda de cálcio entre 40 e 50 dias após a semeadura, que se acumula preferencialmente nas folhas. Sua baixa concentração nas raízes é associada à pouca mobilidade na planta. E, de acordo com os autores, após ser absorvido pelas raízes o nutriente é translocado para as folhas e não se redistribui. Em contrapartida, o magnésio é demandado em maior quantidade dos 40 aos 60 dias do ciclo da beterraba, acumulando-se também em maior quantidade nas folhas por fazer parte da molécula de clorofila.
Quando se fala em fertilizantes orgânicos, o incremento de doses tanto em associação com adubos minerais, quanto em uso exclusivo, possibilitou aumentos lineares para a massa fresca e seca de tubérculos. Com isso, os maiores valores de produtividade foram observados em trabalhos com associação de cama de aviário e adubo mineral, apresentando produtividade de 41,12 t/ha de massa fresca de tubérculos, sendo 18,8% superior comparada ao esterco bovino associado ao adubo mineral. Foi observado o aumento de 0,456 t/ha e 0,246 t/ha, na produtividade de beterraba para cada tonelada de cama de aviário e esterco bovino aplicados, respectivamente. Já quando foi utilizada adubação exclusivamente orgânica, as plantas com cama de aviário chegaram a produtividades de 28,39 t/ha de massa fresca de tubérculos, sendo 47,06% superior comparada à adubação com esterco bovino.
Pode-se observar que na dose de aproximadamente 30 t/ha de cama de aviário, houve rendimento de 29 t/ha de massa fresca de tubérculos, valores superiores à adubação exclusivamente mineral, com 27,44 t/ha. Assim, a utilização de cama de aviário possui uma característica apropriada para a beterraba.
Quando se fala em adubação organomineral, observa-se aumentos de 30% para cada tonelada de cama e de 20% com a utilização de esterco bovino em parceria com fertilizantes minerais.
Portanto, sabe-se que a massa fresca e seca de tubérculos possui melhor resposta no uso de fertilizantes quando se aplica um organomineral (mineral + orgânico) em relação ao orgânico puro e só o mineral, pois neste modelo de fertilizante ele possui doses altas de minerais e orgânicos.
Observando resultados parecidos, alguns pesquisadores analisaram a massa seca das folhas, em uma aplicação de um fertilizante organomineral, obtendo como resposta um aumento de 80% a mais nos resultados quando a dose do fertilizante foi de 20% a mais. Em contrapartida, mesmo aumentando a dosagem do fertilizante mineral, o aumento nos resultados foi abaixo de 10%.
De modo geral, os tratamentos sob interação de adubação organomineral apresentam os maiores valores dos componentes de rendimento e qualidade do produto, exceto quando se avalia o teor de sólidos solúveis totais.
Já com o uso de adubação exclusivamente orgânica, os tratamentos que recebem cama de aviário apresentam valores médios superiores aos obtidos com esterco bovino, isso para variáveis: massa fresca e seca de tubérculos e massa fresca de folhas.
Por Emmanuel Zullo Godinho (USP), Amanda Alves Arruda (UNESP/FCA), Meirieli Nunes Beladeli (UFPR)
Artigo publicado na edição 138 da Revista Cultivar Hortaliças e Frutas
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